21 de fevereiro de 2008

Brigadeiro de capim santo

Não sou muito de ficar presa ao passado. Acho que essa é uma das muitas coisas que minha mãe passou pra mim. Nada de se remoer demais pelo que não vai mudar. “Afinal, pra frente é que se anda”, costuma dizer a sábia mamãe. Mas a verdade é que uma parte de mim gosta bastante de lembrar, ter raízes de onde tirar explicações, ritmos, cheiros, cores e memórias.

Por isso mesmo, estava lembrando que brigadeiro é algo assim, de certa forma, nostálgico pra mim. Eu sei que isso se aplica a milhões de brasileiros, uma vez que o doce redodinho é paixão nacional - só não superada pela cerveja e pelo futebol.

Houve épocas da minha vida em que o brigadeiro era uma verdadeira questão de identidade. Quando morei em terras estranhas, fazia brigadeiro umas duas vezes na semana. Ou pra mim e as amigas brasileiras, ou para alguma festinha para a qual tínhamos de levar iguarias-típicas-tupiniquins. Foi nessa época que me especializei na coisa. Sabia exatamente o ponto: se queria pra comer de colher, se era pra enrolar, se era pra ficar com a consistência de puxa-puxa, enfim, tudo uma questão de tempo de fogão e de muita paciência.

Mas em uma das últimas vezes que recebi pessoas em casa - por um motivo especialíssimo, por sinal - ofereci aos presentes um brigadeiro bem diferente. Verde. Lindo, cheiroso e muito fácil de fazer. Os ortodoxos (sim, eu tenho amigos que não gostam de experimentar coisas diferentes) torceram o nariz. Já os mais aventureiros, como eu, gostaram da novidade. E inclusive pediram mais. Levaram pra casa, pegaram a receita por e-mail, uma maravilha.

O segredo da verdura é o capim-santo, uma erva deliciosa que também lembra a minha infância, quando eu costumava me embebedar com seu chá e brincar de adedonha por horas a fio, varando a madrugada. Tem lá em casa, no jardim, ao lado do pé de acerola. Assim não foi tão difícil pegar um punhado e executar a receitinha, que tirei de um site bem maneiro, que já não me lembro mais o nome:

Brigadeiro de Capim Santo
1 lata de leite condensado
1 barra pequena de chocolate branco (tipo aquela de Galak mesmo)
1 copo de leite
1 punhado de capim santo (erva cidreira)

Bater o leite com o capim santo no liquidificador, coar e juntar o líquido verdinho com o leite condensado e o chocolate em pedaços. Quanto mais leite você colocar, mais vai demorar pra dar o ponto. Por isso sugiro que seja leite suficiente pra bater o capim sem detonar o liquidificador.
Levar ao fogo baixo e mexer, mexer, mexer até engrossar. Fazer as bolinhas e passar no açúcar. Também dá pra pular essa parte e ir direto da panela para a colher.