7 de abril de 2009

Clarice e os sentidos


Clarice Lispector é uma das gratas surpresas da maturidade pra mim. E, assim como a tarefa de descobrir e desenvolver os sentidos, a tarefa de entendê-la requer tempo e dedicação; atenção. Um dia eu chego lá. Por enquanto, um trecho de Água Viva. Mistura tudo que eu gosto: dama da noite, música, tempo e a busca pela essência.

“Agora é um instante. Você sente? eu sinto. O ar é it e não tem perfume. Também gosto. Mas gosto de dama da noite, almiscarada, porque sua doçura é uma entrega à lua. Já comi geléia de rosas pequenas e escarlates: seu gosto nos benze ao mesmo tempo que nos acomete. Como reproduzir em palavras o gosto? O gosto é uno e as palavras muitas. Quanto à música, depois de tocada, pra onde ela vai? Música só tem de concreto o instrumento. Bem atrás do pensamento tenho um fundo musical. Mas ainda atrás há o coração batendo. Assim o mais profundo pensamento é um coração batendo”.

Perfeito para ler na companhia de um Haagen Dazs de chocolate belga.

Um comentário:

RAFA disse...

Você é mesmo uma pernambucana enrustida. E tenho dito!